Texto: Andrei Junquilho
Show
praticamente marcado de última hora, bandas confirmadas não poderiam tocar, e a
grade, que parecia comprometida por essas desistências, em algumas ligações foi
fechada com bandas de pessoas que fazem parte do Coletivo das Ruas.
Dessa vez
sai de casa um pouco mais tarde com intuito de chegar realmente atrasado devido
aos atrasos rotineiros dos shows soteropolitanos, mas pasmem! Eis que chego no
recinto e o som já estava sendo montado. Palmas para o horário cumprido! Dessa
vez falou e fez, hein Digão? Acho que o dialógo inicial da resenha anterior te
fez refletir. Pois bem, tudo montado, alguns transeuntes, mendigos, cachorros e
ambulantes já a postos, além é claro da primeira banda: Últi Mos (antiga Weise) - http://www.facebook.com/ulti.mos.1
-. Surpreendentemente fiquei na curiosidade e cheio de pré-conceitos achando
que o som seria um indie-pós-moderno-universitário com pitadas de samba, bossa
nova e samba do recôncavo. Confesso que sou um chato, que ouço muita coisa
disso, mas que ando enojado com o cenário daqui, onde somente quem tem espaço
são os pseudo-intelectuais, não dizendo que Paulo, Leo e Maicon sejam desse
mitiê, mas ando meio cansado de Radiola, Pirigulino Babilake, Ronei jorge e
outras mais que fazem questão de serem caxias e maduros apenas por terem
influência direta da música brasileira e outros temperos retrôs-pós-modernos
(lá vem eu ácido e inventivo a ponto de criar nomenclaturas e aforismos).
Deixemos de andar em círculos em nosso textículo e vamos ao que interessa.
Destoa troncho o primeiro acorde e fico surpreso com o feeling do bagulho,
Sonic Youth, Radioread, Pixies, Ramones, Joy Division? Bate num liquidificador
isso tudo e terá uma lisergia sonora, algo bem noise, chegando a soar para
alguns ouvidos "True Metal Fucking Hostile" sem educação musical que
transitam pela rua calorenta, ensolarada e tropical (aqui não é a Noruega),
como guitarras desafinadas. Ótimo!!! Se a proposta é criar sons, ruídos e
acordes dissonantes e a partir da
externalização do que os caras vivenciam e escutam, a idéia foi como um soco no
ânus, um tiro na têmpora. Muito bacana e bem executado, trazendo cadência,
atitude, troncheira, climão deprê e explosão punk, além de geladinho de cachaça,
e como diz o velho e massacrante ditado, que não podemos usá-lo quando nos
referimos ao Rubinho Barrichelo: "os
últimos serão os primeiros". Bora Maiconnnnnnnn.
Depois dos
Últi Mos a segunda banda a se apresentar, velha conhecida das Ruas, com seu front
man Fabão, um velho conhecido das Ruas do Rio Vermelho e adjacências, Fracassados do Underground – http://www.myspace.com/bandafug -,
banda que eu, particularmente, gosto muito, não só pelos cara serem divertidos
e bons companheiros e de boa prosa, mas pelo som cru, diretão e sem meias
palavras, que executam. O set foi longo, com musicas do split, covers e a
repetição da sempre tocada e pedida no Top 10 MTV, “Durmo Acordado”. Quem já viu o show dos caras, sabe como é, para
quem não viu, pode até pensar que Fabão tem alguma deficiência na fala, mas é
assim mesmo, seu estado natural é não estar sóbrio. Enfim, mas uma ótima
apresentação, e dessa vez peculiar, pois não houve confusão quando executaram o
cover de “Six Pack” do Black Flag.
Como de
costume, por estar sempre resenhando, não posso ouvir boas palavras sobre o
conjunto musical que faço parte. Gosto de massagear meu Ego, Dudu, por que você
faz isso comigo? Preciso saber que sou bom em alguma coisa mano e resenhando
não posso falar que a minha banda é foda, que somos bonitos, apresentáveis, etc.
e tal. Mas enfim, eis, que obrigado (lê-se intimado) a fazer a resenha, surge o
Tsunami Baiano (SUPEREGO em alta) Aphorism
- http://soundcloud.com/diogo-og/aphorism-regozijo
-. Já que é para resenhar essa porra, vamos lá. Vou rasgar seda para mim e para
meus companheiros, eu me amo! Tô com a estima lá em cima. Brincadeiras a parte e
seguindo na seriedade de costume, a Aphorism executou um set tenso, para
variar, com músicas que estarão no seu ep, ainda sem nome. Com maior climão
Crust/Drone/Sludge/Grind/Post-Rock, integrantes que se entregam aos seus
instrumentos, sendo que o que mais se entrega é o nosso querido Rois, lembrando
que se a farinha é pouca meu (e da namorada dele é lógico) Pirão primeiro, um
grande guitarrista, na minha humilde opinião. Diogo, um grande baterista, mas
infelizmente é um retirante, então não podemos encher muito a bola dele, se não
influencia o êxodo urbano e a migração alagoana em terras soteropolitanas. Não
ofendam-se, politicamente corretos, isso não passa de piada interna! Para
finalizar a auto-idolatria, destaco o cover do Nasum, “Inhale/Exhale”, e a auto-flagelação oriunda de influências minhas,
que vão desde Hoax a Bubute (Rodrigo Chagas e mics nas calças), passando ainda
por uma pequena dose de GG Allin (ainda não chego a tanto, nem sei se há
coragem para tal).
Por falar
em auto-flagelação, performances matadoras e vocalistas insanos, fiquei
surpreso com a apresentação da Dispor - http://dispor.wordpress.com -, pelo
menos Antonio (vocal) estava contentão, talvez por seu fiel escudeiro, Vicente
"el Grand Cretino" ter passado na UFBA... "Vicente diz: - Passei na Ufba otários. Vocês não! Passei para
Letras, mas vou mudar para Sociologia, e vou estudar Antropologia."
Isso aí, Vicente, não sei se fico feliz por você ou se fico preocupado. A Ufba
não é um bom lugar para quem procurar uma ReHAB, enfim, voltemos ao concerto.
Dispor, banda que por mim não acabava, PUNKada de primeira, um set curto, creio
que 30 minutos, de vez em quando problemas na aparelhagem, acho que mais por
Toinho se bater nos fios, mesa, amps e em Piu (Baixo). Showzaço! Coeso, cruzão,
explosivo e com performances Hoax de Antonio, deixando o Príncipe cabreiro de
ele invadir a barraquinha e destruir tudo.
Como sempre,
não sei e nem lembro nome das músicas, nome de pessoas. Sofro de perda de
memória recente, a única lembrança é que mais uma vez o Coletivo das Ruas fez
uma ótima confraternização, mostrando que ainda somos resistência na terra que
fede a mijo e que predomina a espécie dos Brahmeiros e Praieiros de tattoo
mahori, igualzinha a do Léo Santana.
Vida longa ao Coletivo das Ruas!
Comentários
Eu não gosto de roney Jorge e Cia, nem preciso ir para sampa estudar designer para fazer música com saudade da bahia.