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ENTREVISTA COM OCARINA


Nessa edição trocamos figurinhas com a banda OCARINA. Banda da nova (não tão nova assim) safra, que concluiu as gravações do seu próximo material com lançamento marcado ainda pra esse ano, bem sobre esse e outros pontos os caras mesmo vão discorrer. Boa Leitura!

1. Primordialmente gostaria que apresentasse a OCARINA para os leitores do blog.

Gil - Fala galera do Toma Na Cara! Bem, a Ocarina é Filipe na bateria, Guilherme no baixo, Dido e Marcelo nas Guitarras e eu (Gil) no vocal.


2. Desde quando a banda está na atividade e como se deu o processo de formação da banda?

Gil - A banda ensaiou pela primeira vez na metade (acho que em junho) de 2005. Após esse ensaio fizemos mais um ou dois e paramos por causa do vestibular. Passamos esse período compondo individualmente e voltamos pro estúdio em janeiro de 2006. O lance da formação da banda foi o seguinte: Eu tinha um Power trio com meu primo e com Matheus “Sagui” (ex? –Sëmbrär/ES - http://s01.tramavirtual.com.br/artista.jsp?id=18946 ). Daí, Sagui saiu da banda e ficamos parados até encontrarmos um pessoal de outra ex-banda de Sagui, que apresentou o Filipe que estava tocando com eles. Filipe topou ensaiar. Fizemos dois ensaios, mas eu não tava mais com vontade de levar o Power trio adiante. Como eu estudava com Dido e Guilherme e nós estávamos sempre tocando violão juntos, resolvi chamá-los pra montar uma banda e disse que tinha um baterista em mente. Falei com Filipe, ele aceitou o convite. Como a idéia era ser um quinteto, Dido e Guilherme chamaram Marcelo pra completar o time. E assim estamos até hoje.

Filipe – Acho que o processo de formação da banda foi no mínimo estranho. Não conhecia nenhum dos 04 integrantes e comecei a tocar com Gil por um simples impulso, pois tava meio parado. A amizade foi crescendo bem aos poucos e o mais estranho ainda é que a banda permanece até hoje, com a formação original, depois de 04 anos. Isso é raro em uma época que toda hora se houve falar em trocas de integrantes.


3. Quais as influências musicais?

Gil - Porra... cada um gosta de uma coisa. Acho que para representar a banda como um todo vou citar Nofx, Set Your Goals, Dead Fish e Reffer, mas escutamos muitas coisas diferentes.

Filipe - Só a uns 02 anos atrás que comecei a escutar realmente hardcore. Pra falar a verdade eu não gostava muito do estilo. A única banda de hardcore que chamava minha atenção era Dead Fish, e assim foi por um bom tempo. O que eu escutava mesmo era punk rock californiano. Minhas influências vão de Offspring e Blink 182 (minhas bandas favoritas a mais de 10 anos) e chegam até Roupa Nova.


4. Do EP que vocês lançaram virtualmente em 2007, pude perceber que a banda aborda diversos temas, falando até de questões ecológicas, vide "Fim da História", como se dá o processo de composição das letras? E quem compõe na banda?

Gil - Eu escrevo todas as letras da banda. O processo de composição varia de música pra música. Tem letra que sai em uma hora, tem letra que sai em um ano (sem exagero). Geralmente, se eu leio algum livro, vejo alguma coisa interessante no jornal ou assisto a algum documentário, filme e tenho uma idéia pra alguma letra, eu já começo a escrever e já vou fazendo uma melodia pra ela também. Às vezes os caras me mandam por computador trechos instrumentais e a partir daí, quando eu achar que devo, começo a escrever algo para aquela melodia. Assim acontece também quando a música é criada dentro do estúdio. Não gosto de simplesmente escrever por escrever, para completar uma música. Escrevo quando acho oportuno. Os temas geralmente são coisas que vivencio ou que são vivenciadas por pessoas próximas a mim, ou também questões que acho que devem ser discutidas como: meio ambiente, política, economia e sociedade.

Filipe – Falando do instrumental, a grande maioria de nossas músicas foram feitas respeitando a individualidade de cada um. Normalmente Marcelo, Dido ou Gil chegavam com uma base pronta e cada um ia criando em cima daquilo com o seu respectivo instrumento. Sempre rolavam umas adaptações, modificações pra poder casar tudo direito.

5. Vocês já disponibilizaram no MySpace da banda - http://www.myspace.com/ocarinarock - duas faixas que sairão no próximo lançamento de vocês intitulado "Estado de Sítio". Ouvi e me impressionei, pois a qualidade da gravação está estupidamente boa e as bases estão bem pesadas. Como se deu a gravação desse álbum e qual a previsão de lançamento?

Gil - Nossa!! Muito obrigado mesmo pelos elogios!! Esse cd começou a ser gravado na metade do ano passado (acredite se quiser), e não pudemos concluir em 2008, pois o estúdio fechou logo após a nossa gravação para ser reaberto em outro lugar. Pouco tempo após a reabertura do estúdio o engenheiro de som que estava trabalhando com a gente (Jera Cravo - http://www.fotolog.com/estudio60 ), teve que fazer uma viajem e decidimos esperar o retorno dele para concluir o cd. O áudio do cd já está prontinho e conta inclusive com uma participação do Scott, vocalista da banda Shook Ones - http://www.myspace.com/shookones -, agora estamos finalizando a arte. Esperamos ter as cópias prensadas antes de julho.

6. Falando em novas músicas, quem acompanha a banda desde o começo pode perceber uma certa mudança nas bases, antes as mesmas soavam bem melódicas, com claras influências de bandas como Dead Fish. As novas músicas, no entanto, tem uma pegada mais hardcore oldschool. O que aconteceu para que ocorresse tal mudança?

Gil - Eu amo oldschool e tento levar um pouco disso pra banda. Assim como tem pitadas de hardcore oldschool, há também elementos de hard rock nas guitarras de Marcelo, pop punk na bateria de Filipe e por ai vai. Acho que o cd está uma mistura da porra. Diversos elementos das influências dos integrantes. Posso afirmar também que dos primeiros shows e da gravação da Demo até a gravação do cd, a banda amadureceu muito e passou a escutar coisas diferentes.

Filipe – Esse cd é muito estranho !! São 04 anos resumidos em 12 faixas. Existem musicas praticamente sem relação com a outra mostrando as diversas fases que a banda passou.


7. Vocês estão planejando alguma tour para divulgação desse novo álbum?

Gil - Uma tour é um sonho antigo da gente. Esse ano já rolou convite pra tocarmos em Uberlândia (MG) no HC Reunion, em Belo Horizonte (MG), Aracaju (SE), São Paulo (SP), entre outras cidades. Porém como a maioria da banda trabalha, a gente tem que articular direitinho porque para uma tour ou mini-tour se tornar viável, ao menos na nossa realidade de banda independente soteropolitana, é preciso se distanciar de Salvador quatro, cinco dias. Estamos planejando algo pelo sudeste e pelo nordeste ainda esse ano, mas só após a prensagem do cd.

8. Em 2007 vocês tocaram na cidade de Aracaju (SE), junto com a banda paulista Cardiac. Como foi tocar em outro estado? Fora Aracaju, quais foram as outras cidades que já tocaram? Como é a recepção do público fora da nossa cidade?

Gil - O show de Aracaju foi o primeiro e único fora de Salvador e nos deixou morrendo de vontade de viajar mais, apesar de alguns probleminhas do show. A vibe foi legal. O Pedro da Rótulo – http://www.myspace.com/rotulo - fez uma participação com a gente, um pessoal chegou pra trocar idéia e conhecemos novas pessoas.

9. Como vocês enxergam a cena underground soteropolitana?

Gil - Acho a cena de Salvador uma das mais fracas do país. A cidade tem excelentes bandas e o público não dá valor, não comparece aos shows, não compra os CDs. Se vier qualquer banda do Sul/Sudeste pra fazer show aqui o show enche. O público se acostumou a ficar em casa escutando as bandas e as bandas se submeteram a venda de ingressos. Raríssimos produtores de shows de rock underground em Salvador têm feito eventos sem a obrigação vendagem de ingressos pelas bandas, pois o público não comparece e ele quer se garantir. A lógica se inverteu. O público não fica na expectativa de ter show de tal banda e sim a banda fica implorando pra comprarem seus ingressos e não tomarem prejuízo. O resultado disso é uma cena onde o público não valoriza as bandas locais então não vai para shows locais e as bandas para tocar são forçadas a vender ingresso para um público que não existe, logo, pagam pra tocar quando deveriam estar recebendo algo, ainda que ajuda de custo. Os sites bons morreram, algumas bandas boas morreram, a galera mais antiga dificilmente aparece em shows (devido a essa saturação) e muitas bandas que estão surgindo tem mostrado descaso com a cena. Todo mundo quer montar banda pra Rick Bonadio produzir. A galera não ta mais tocando porque gosta. Outra coisa que tenho percebido é que quando se esperava convite pra tocar as bandas ensaiavam bastante, suavam pra juntar uma grana pra gravar, muitas vezes de forma simples, e ter seu trabalho reconhecido. Tinha um lance de correr atrás. Hoje, como os produtores querem bandas que vendam ingresso, tem banda ensaiando uma ou duas vezes e indo fazer show. É uma avalanche de bandas novas a cada 15 dias. Não ta dando tempo de digerir tudo. Felizmente, ainda tem uma galera que dá um gás na cena. O Toma na Cara é um exemplo. Têm a Salvador Hardcore no Orkut ( http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=55081217 )que ta com um nível legal de discussão e tem a galera que sempre esteve na correria a algum tempo.

Filipe – A vontade de jogar tudo pra o alto as vezes é forte, mas continuamos porque temos muito prazer em tocar o que gostamos e com quem gostamos. A platéia se resume, algumas vezes, a bandas que foram tocar no evento e vão falar mal de você depois do show. Porque até amigo ir pra show ta sendo difícil pela decadência de tudo. Eu mesmo não freqüento muitos shows, porque sei que lá vão estar meninos que querem aparecer, “pegar” mulher e que daqui a dois meses, vão parar de tocar e nunca mais vou ouvir o nome deles. Entraram na moda de ter banda e não agüentaram a barra. As produtoras cobram venda de ingressos, as BANDAS não aceitam, e lá vem os meninos de novo. É um ciclo vicioso que pra mim, dificilmente vai acabar. Além de tocar, temos que organizar nossos próprios shows. Mais trabalho, mais esforço e mais bandas sinceras desistindo. A tendência é só piorar!

10. Quais são suas indicações musicais aos leitores do blog?

Gil – Vou indicar bandas que estão na ativa:

Gringas: Gorilla Biscuits, Nofx, Bane, Shook Ones, Set Your Goals e Comeback Kid.

Nacionais: Good Intentions, Rótulo, Diante dos Olhos, Lumpen, Dead Fish.

11. Pra finalizar, deixem um último recado a nossos leitores.

Gil - Não usem drogas, não entrem na universidade apenas para suprir a demanda do mercado, não comam carne e valorizem as bandas locais.

LINKS PARA OCARINA:

Download: http://www.tramavirtual.com.br/ocarina
My Space: http://www.myspace.com/ocarinarock
Fotolog: http://www.fotolog.com/ocarina
Comunidade no Orkut: http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=3162154

Comentários

Unknown disse…
É uma banda que mereçe ser conhecida e acima de tudo reconhecida, tem um longo caminho pela frente mas faz jús a percorrê-lo com vitórias.
Rodrigo disse…
a tendencia é resistir!!!
x Toma na Cara x disse…
A situação é a crise.
Fernando disse…
Curti a entrevista. Legal o q Gil falou com relação à "cena" de Salvador local!

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